O transtorno de escoriação, também conhecido como skin picking, é uma condição psicológica caracterizada por um comportamento compulsivo de beliscar, cutucar ou arranhar a própria pele, frequentemente resultando em lesões e cicatrizes. Embora muitas pessoas ocasionalmente mexam na pele, o skin picking envolve uma dificuldade de controle desse comportamento, gerando angústia e problemas físicos. A seguir, exploramos as causas, sintomas e tratamentos desse transtorno.
Características e Sintomas do Skin Picking
Para ser considerado um transtorno de escoriação, o comportamento precisa causar sofrimento significativo ou prejudicar as atividades diárias, como no trabalho ou em relacionamentos. Alguns dos principais sintomas incluem:
Beliscar repetidamente a pele: esse comportamento pode se concentrar em áreas do corpo como o rosto, braços e pernas, e em regiões com feridas, espinhas ou imperfeições que o indivíduo sente a necessidade de remover.
Dificuldade de controle: há uma sensação de alívio momentâneo ou prazer, mas o ato de cutucar ou beliscar a pele tende a ser repetido de forma incontrolável.
Feridas e cicatrizes: a consequência física do skin picking são lesões abertas, infecções e marcas permanentes na pele.
Danos emocionais: pessoas com esse transtorno frequentemente se sentem envergonhadas, culpadas e ansiosas por seu comportamento, muitas vezes evitando situações sociais ou atividades onde a pele esteja visível.
Além desses sintomas, é comum que o transtorno leve a um ciclo de frustração e tentativa de controle, em que a pessoa promete a si mesma parar de mexer na pele, mas acaba recaindo no comportamento compulsivo.
Causas do Transtorno de Escoriação
A causa exata do skin picking ainda não é completamente compreendida, mas acredita-se que seja influenciada por uma combinação de fatores genéticos, biológicos e psicológicos:
Fatores genéticos: estudos indicam que pessoas com histórico familiar de transtornos obsessivo-compulsivos, ansiedade ou depressão têm maior predisposição a desenvolver o transtorno de escoriação.
Desequilíbrios químicos no cérebro: acredita-se que o desequilíbrio de neurotransmissores, como a serotonina, possa contribuir para o desenvolvimento do skin picking.
Fatores emocionais e psicológicos: muitas pessoas com transtorno de escoriação relatam que o comportamento de beliscar a pele aumenta em momentos de estresse, ansiedade, tédio ou frustração. Em alguns casos, o skin picking pode ser uma forma de lidar com emoções difíceis ou uma resposta ao perfeccionismo, em que a pessoa tenta corrigir imperfeições percebidas.
Diagnóstico do Transtorno de Escoriação
O diagnóstico do skin picking é realizado por um profissional de saúde mental, como um psiquiatra ou psicólogo. O profissional avalia a frequência e intensidade do comportamento, bem como o impacto negativo na vida da pessoa. O diagnóstico é estabelecido quando o comportamento de escoriação não é causado por outras condições, como abuso de substâncias, problemas dermatológicos ou transtornos psicóticos.
Tratamentos para o Skin Picking
Embora o transtorno de escoriação seja desafiador, existem abordagens de tratamento que podem ajudar a controlar os sintomas e reduzir os comportamentos compulsivos. Entre os tratamentos mais eficazes, estão:
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): a TCC é uma das abordagens mais utilizadas para o skin picking. A terapia ajuda a pessoa a reconhecer os gatilhos e padrões de pensamento que levam ao comportamento de escoriação e ensina técnicas para substituí-lo por respostas mais saudáveis.
Treinamento de Reversão de Hábito (TRH): essa técnica ensina a pessoa a identificar o impulso de beliscar a pele e a substituir o comportamento com uma resposta alternativa, como apertar uma bola de estresse. O TRH também aborda técnicas de conscientização para ajudar a pessoa a perceber quando o comportamento compulsivo está prestes a ocorrer.
Terapias de Aceitação e Compromisso (ACT): essa abordagem incentiva a aceitação dos impulsos e emoções que levam ao skin picking, ajudando o indivíduo a viver em sintonia com seus valores e objetivos sem recorrer ao comportamento compulsivo.
Medicamentos: em alguns casos, medicamentos como antidepressivos (especialmente inibidores seletivos de recaptação de serotonina - ISRS) podem ser prescritos para ajudar a regular o humor e reduzir a compulsão. No entanto, os medicamentos são utilizados como complemento à psicoterapia, não sendo considerados uma solução isolada.
Dicas e Estratégias de Autocuidado
Além do tratamento profissional, algumas estratégias de autocuidado podem ajudar no gerenciamento do transtorno:
Identifique os gatilhos: preste atenção às situações ou emoções que desencadeiam o skin picking, como estresse ou ansiedade, e busque estratégias alternativas para lidar com esses sentimentos.
Substitua o comportamento: tente substituir o ato de beliscar a pele por atividades que ocupem as mãos, como desenhar, escrever ou utilizar brinquedos sensoriais.
Cuide da pele: crie uma rotina de cuidados com a pele para reduzir o impulso de cutucar. Cremes e tratamentos dermatológicos podem ajudar a minimizar imperfeições, reduzindo a tentação de mexer na pele.
Pratique técnicas de relaxamento: atividades como meditação, respiração profunda e exercícios físicos ajudam a reduzir o estresse e a ansiedade, que são gatilhos comuns para o skin picking.
Conclusão
O transtorno de escoriação, ou skin picking, é uma condição debilitante que impacta a vida de muitas pessoas, tanto física quanto emocionalmente. Com um diagnóstico correto e o tratamento adequado, é possível controlar o comportamento compulsivo e viver com mais tranquilidade. A combinação de psicoterapia, estratégias de autocuidado e, em alguns casos, o uso de medicamentos, oferece uma abordagem abrangente para o tratamento, ajudando a pessoa a reduzir os impactos do transtorno em sua vida e alcançar um bem-estar maior.
Psicologia Viva Zen!
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